quinta-feira, 30 de junho de 2011

INDIGNA AÇÃO - samba da indignação

INDIGNA  AÇÃO

Prá financiar eu preciso ficha limpa
para alugar você também vai precisar
prá se curar é necessário ficha limpa
prá governar não é preciso isso não

Para aumentar o meu salário nem te conto
é necessário  em milagre acreditar
mas no congresso a coisa é de bate pronto
pois os milagres acontecem só por lá

Extraditar o  tal Batisti nem pensar
nossa  justiça tem que ser mais soberana
deixar pessoa boa assim ficar em cana
é desumano e não podemos aceitar

Prá se julgar não é preciso conhecer
seja teatro, ou outra forma do saber
pois a cultura não importa nada não
o que interessa é do poder a sensação


Indigna  ação, do preposto
indignação do exposto,
e o povo que é lindo, sorrindo, só rindo, engolindo,
de olho no hexatotal  e achando que é lindo,
sem ver a mortalha que brilha nos olhos caindo,
e mais um imposto votado que acaba incidindo,
no custo da vida
no tempo da lida
promessa esquecida
isso vai melhorar,
eu caminho cantando
e sigo informando
essa é minha lida
minha vida é cantar.

Marc Gadú
Junho 2011  

Vale a pena conferir..!

Postagem de nosso amigo João Bid.


Dia 6, quarta-feira, às 20h00, no Teatro Municipal de Sorocaba, a CiadeEros, grupo de teatro de São Roque, formado por jovens de quinze a 21 anos, apresentará a peça "Era uma vez", de Vitor Gabriel, com adaptação e direção de Lisa Camargo. 
O espetáculo está dentro da programação do Festival de Teatro da Associação Teatral de Sorocaba.
Apareçam. É muito bacana !

terça-feira, 28 de junho de 2011

Reflexões de um artista vindo da urbe, sobre a arte nas regiões interioranas, da complexa geografia humana.

Fazer d´arte  profissão,
é me doar por inteiro sem esperar o retorno,
me entregar a paixões sem obter a resposta, 
e transmutar em perfume o cheiro da bosta,
é cantar e dançar sem olhar  para o entorno,
é puxar rabo de cobra,
é encarar o cão.


Fazer d´arte profissão,
é começar a vida a cada dia que nasce,
é perseguir a verdade, embelezar a mentira,
ver o estilo da faca, mesmo que ela me fira,
do erro fazer um jazz,  valorizar o impasse,
a mar a tudo e a todos,
sem a menor condição.


Fazer d´arte profissão,
é fazer d´arte uma vida
partir da vida com arte,
nunca esconder a ferida
não carregar estandarte,
sorver da vida o veneno
fazer na vida minha parte,
compreender o nazareno
viver a vida com arte.

Marc Gadú
Junho 2011

Segundo ensaio geral do espetáculo "O principe feliz" no Mapa Cultural do Município de Alumínio

Agradecemos a gentil acolhida e apoio de Adriano Felix - diretor da Escola municipal de música de Alumínio, Silvio - diretor da Biblioteca municipal e Sra. Doris - professora de ballet.

Foi uma pena os excelentissimos jurados não se identificarem, sentarem na ultima fileira de assentos do teatro  e desaparecerem logo após seu julgamento, quando deveriam ter ficado para debater publicamente suas respectivas e controversas opiniões (vide fichas de avaliação, sem identificação, assinatura e erros gramaticais grosseiros e sintaxe confusa).

O SacraMistura agradece o comparecimento e solidariedade de diversos representantes da classe teatral de nossa região, dentre eles, nossa querida Lisa Camargo, inspirada diretora teatral http://ensaiosecenas.blogspot.com/, João Bid, músico e talentoso compositor, Giovanni Hugler, competente diretor do Grupo Teatron de Mairinque e Guilherme Beraldo expressivo ator também de Mairinque.

O  SacraMistura solicita oficialmente da Divisão de cultura do município de Alumínio, a identificação dos Srs. jurados e respectiva comprovação curricular, exigida pelo estatuto do Mapa Cultural.

É interessante notar que o SacraMistura foi o único grupo teatral a se candidatar a representar a cidade na fase regional do Mapa.





Making off e primeiro ensaio geral do segundo espetáculo da companhia "O principe feliz"

Neste link você assiste o making off de montagem do cenário, bonecos e figurinos e ouve pedaços da trilha sonora.

http://www.youtube.com/watch?v=u1T1NA2NzxA

Neste momento o SacraMistura integra dois artistas de renome em sua equipe: Zé Capitão.arquiteto e artista plástico de Mairinque de grande talento e sensibilidade e Adriano Ávila, artista de Alumínio, fotografo de renome nacional.
Sejam muito bem vindos!

Este ensaio foi realizado no teatro da escola Lelisito em  Mairinque.
Agradecemos o apoio de Giovanni Hugler e da direção da escola.
Rosana Moraes e Marc Gadú
Dida Gadú
Antonio Victorio
Rosana Moraes
Rosana Moraes
Eduardo Cruz
Marc Gadú


Dida Gadú, seu ultimo trabalho na Paulicéia Desvairada antes de fixar residência em Alumínio.

Dida Gadú em temporada de 3 meses no Teatro Bella na Bela Vista em Sampa, com grupo Cia. Ateliê das Artes. A peça esta na integra na internet em: http://www.cennarium.com/teatro/quebra-do-cariri

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O primeiro espetaculo da companhia, no teatro CEMEC em Mairinque, fevereiro 2011, "Poema negro" de Augusto dos Anjos.

Direção e concepção cênica de Antonio Victorio, trilha sonora de Marc Gadú, interpretação teatral de  Dida Gadú e preparação de atriz de Cecéu Trajano.



                                                         Fotos de Carlos Nêgo - Mairinque

"Poema Negro" de Augusto dos Anjos.

Para iludir minha desgraça, eu estudo.
Intimamente eu sei que não me iludo.
Para onde vou (o mundo inteiro o nota)
Nos meus olhares fúnebres, carrego
A indiferença estúpida de um cego
E o ar indolente de um chinês idiota!

A passagem dos séculos me assombra.
Para onde irá correndo minha sombra
Nesse cavalo de eletricidade?!
Caminho, e a mim pergunto, na vertigem:
 Quem sou? Para onde vou? Qual a minha origem?
E parece-me um sonho a realidade

Surpreendo-me, sozinho, numa cova.
Então meu desvario se renova.
E como que, abrindo todos os jazigos,
A Morte, em trajos pretos e amarelos,
Levanta contra mim grandes cutelos
E as baionetas dos dragões antigos!

E quando vi que aquilo vinha vindo
Eu fui caindo como um sol caindo
De declínio em declínio; e de declínio
Em declínio, com a gula de uma fera,
Eu quis ver o que era, e quando vi o que era,
Vi que era pó, vi que era esterquilínio!

Chegou a tua vez, oh! Natureza!
Eu desafio agora essa grandeza,
Perante a qual meus olhos se extasiam...
Eu desafio, desta cova escura,
No histerismo danado da tortura
Todos os monstros que os teus peitos criam.

Tu não és minha mãe, velha nefasta!
Com o teu chicote frio de madrasta
Tu me açoitaste vinte e duas vezes...
Por tua causa apodreci nas cruzes,
Em que pregas os filhos que produzes
Durante os desgraçados nove meses!

Semeadora terrível de defuntos,
Contra a agressão dos teus contrastes juntos
A besta, que em mim dorme, acorda em berros
Acorda
, e após gritar a última injúria,
Chocalha os dentes com medonha fúria
Como se fosse o atrito de dois ferros!

Pois bem! Chegou minha hora de vingança.
Tu mataste o meu tempo de criança
E de segunda-feira até domingo,
Amarrado no horror de tua rede,
Deste-me fogo quando eu tinha sede...
Deixa-te estar, canalha, que eu me vingo!
 

De súbito outra visão negra me espanta!
Estou em Roma. É Sexta-feira Santa.
A treva invade o obscuro orbe terrestre.
No Vaticano, em grupos prosternados,
Com as longas fardas rubras, os soldados
Guardam o corpo do Divino Mestre.

Como as estalactites da caverna,
Cai no silêncio da Cidade Eterna
A água da chuva em largos fios grossos...
De Jesus Cristo resta unicamente
Um esqueleto; e a gente, vendo-o, a gente
Sente vontade de abraçar-lhe os ossos !

Não há ninguém na estrada da Ripetta.
Dentro da Igreja de São Pedro, quieta,
As luzes funerais arquejam fracas...
O vento entoa cânticos de morte.
Roma estremece! Além, num rumor forte,
Recomeça o barulho das matracas.

A desagregação da minha idéia
Aumenta. Como as chagas da morféa
O medo, o desalento e o desconforto
Paralisam-se os círculos motores.
Na Eternidade, os ventos gemedores
Estão dizendo que Jesus é morto!                 

Não! Não! Jesus não morreu! Vive na serra
Da Borborema, no ar de minha terra,
Na molécula e no átomo... Resume
A espiritualidade da matéria
E ele é que embala o corpo da miséria
E faz da cloaca uma urna de perfume.

Na agonia de tantos pesadelos
Uma dor bruta puxa-me os cabelos,
Desperto. É tão vazia a minha vida!
No pensamento desconexo e falho
Trago as cartas confusas de um baralho
E um pedaço de cera derretida!

Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme. 
Eu, somente eu, com a minha dor enorme
Os olhos ensangüento na vigília!
E observo, enquanto o horror me corta a fala,
O aspecto sepulcral da austera sala
E a impassibilidade da mobília. 



Meu coração, como um cristal, se quebre                                                                                 
Torne-se gelo o sangue que me abrasa.
O termômetro negue a minha febre,
E eu me converta na cegonha triste
Que das ruínas duma casa assiste
Ao desmoronamento de outra casa!

Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?
Daqui por diante não farei mais versos.



SacraMistura, a Genesis.

O universo conspira e reúne, a seu tempo, mentes inquietas e criativas com a finalidade de cumprirem sua mais sagrada missão, produzir arte, proporcionando questionamento e auto conhecimento.
Esta sincronicidade realizou, em outubro de 2010 o encontro de Marc Gadú, músico e produtor vindo de São Paulo em 2010 para fixar residência em Alumínio, Dida Gadú, atriz paulistana, Cecéu Trajano diretor da Cia Ateliê das Artes- teatro experimental e arte educador, e Antonio Victorio, bonequeiro e cenógrafo teatral, também vindo do mercado teatral paulistano e residente em Mairinque desde 2002.
Estava materializada a energia que criou em janeiro de 2011 o SacraMistura, companhia teatral do município de Alumínio, o mais novo braço da Cia Ateliê das Artes - teatro experimental, coletivo com 12 anos de história.em espetáculos teatrais e projetos sociais  ( www.ciaateliedasartes.com.br )
Filosofia estabelecida, objetivos traçados, os planos começaram a se formar e logo a companhia começou a produzir para alcançar sua meta para 2011: um espetáculo adulto e três espetáculos infantis temáticos.
O espetáculo adulto:
A interpretação de um poema de Augusto dos Anjos "Poema negro".

Os espetáculos infantis:

"O principe feliz", adaptação do texto de Oscar Wilde, tem como temática a Solidariedade.
"Ludens, a cidade dos bonecos", uma adaptação do livro de Eraldo Miranda, escritor e pesquisador de Alumínio, tem como tema a Inclusão social.
"A bela gotinha adormecida", também adaptação de um livro de Eraldo, tem como temática a Conservação de recursos hidricos.    

A companhia, com a missão de produzir espetáculos com linguagem própria, multidisciplinar, com artistas da micro-região, logo incluiu em seu casting Patrick Gadú - digital designer,  Eduardo Cruz - ator de AlumínioRosana Moraes - atriz de Mairinque e Binho Dobar Zvuk - músico também de Mairinque.

"O dom artístico representa 1%, o restante é suor !" * (Claudio Stephan)

Marc Gadú
Junho 2011